Mundo do Aço

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O resultado da eleição desta terça-feira (5) nos Estados Unidos tem potencial para afetar a siderurgia brasileira. A depender do vitorioso, se Kamala Harris ou Donald Trump, o setor poderá ver o recrudescimento do protecionismo americano ou o aumento dos investimentos em infraestrutura.

No primeiro governo de Trump, entre 2017 e 2020, os Estados Unidos elevaram para 25% as alíquotas sobre o aço importado. Na época, Trump cumpria uma promessa de campanha de proteger a indústria do país.

O governo do atual presidente Joe Biden manteve as alíquotas, em um movimento que foi aos poucos acontecendo em diversos outros países, afetados pela constante elevação das importações de aço produzido na China. O Brasil adotou cotas neste ano para 11 produtos de aço. Acima de determinado volume importado, passa a valer uma taxa de 25%.

Em janeiro deste ano, os EUA retiraram uma sobretaxa de 103,4% que incidia desde 1992 sobre tubos soldados de aço não-ligado produzidos no Brasil.

Agora, às vésperas de nova eleição presidencial nos Estados Unidos, a expectativa é a de que Trump, caso eleito, retome a política de proteger a indústria local. Para Kamala, a percepção é que a adoção de políticas de estímulo a obras de infraestrutura podem contribuir para o aumento da demanda americana por aço.

“O setor pode ter sim diferenças, a depender de quem vencer essas eleições”, resume o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.

O especialista acrescenta que há uma preocupação “notória” de Trump com a China, o que pode levar a um aumento da proteção. Arbetman chama a atenção para um efeito colateral desse maior protecionismo: quanto mais caro ficar o aço chinês nos Estados Unidos, maiores volumes estarão disponíveis para entrar em outros mercados.

Uma fonte do setor consultada pelo Valor ressalta que o maior problema seria se houvesse a revisão das cotas de placas no âmbito do acordo celebrado entre Estados Unidos e Brasil à luz da imposição da Seção 232 - hoje, há cotas para laminados e chapas grossas.

Outro risco, continua a fonte, seria a revogação da autorização para que placas brasileiras exportadas para o México e lá transformadas em laminados planos possam ser enviadas para os Estados Unidos sem o pagamento de 25% do imposto de importação. Esse imposto incide sobre produtos siderúrgicos que não são integralmente produzidos no México ou no Canadá.

“Para produtos laminados, já existe uma elevada aplicação de vários mecanismos de defesa comercial, incluindo antidumping e direitos compensatórios. É muito provável que se apliquem novas medidas, prejudicando ainda mais as exportações brasileiras, mas em termos quantitativos, o impacto tenderia a ser de menor intensidade do que para placas”, diz a fonte, que lembra que, embora no discurso Trump seja mais favorável à aplicação de medidas de aumento de tarifas e de medidas de defesa comercial do que Kamala Harris, o fato concreto é que as medidas adotadas relativas à siderurgia pelo governo de Donald Trump não foram revogadas pela administração de Joe Biden.

O especialista diz que as siderúrgicas nos Estados Unidos estão operando com margens de lucros maiores do que em vários outros países, o que tem permitido às empresas investir para aumento da capacidade instalada (substituindo importações), melhoria do mix de produtos e aumentando a já elevada participação (em comparação com a média mundial) das aciarias elétricas. “O último fator contribui significativamente para a descarbonização da indústria, somado ao fato que algumas siderúrgicas americanas estão investindo intensamente em energias eólica e solar, que aliás tendem a ser mais beneficiadas por incentivos em uma eventual administração Harris”, diz a fonte.

Arbetman, da Ativa, chama a atenção ainda para a possibilidade de, em um eventual governo Trump, o aumento do protecionismo elevar o volume de produtos chineses disponíveis no mercado global. “É possível que [nesse cenário] produtos chineses desembarquem em maior quantidade em outros lugares do mundo, inclusive no Brasil, apesar dos esforços que tem sido feitos [para defender a produção nacional].”

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 05/11/2024

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